sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Liderança parte 4 - Erros dos líderes (continuação)

INCAPACIDADE DE INSPIRAR

Um erro comum é o líder não se preocupar em inspirar. Se coloca como o centro das atenções e não se importa com os problemas da empresa e dos indivíduos de sua equipe. Talvez não seja possível motivar, mas é possível motivar as pessoas para que elas se automotivem, caso elas queiram ser inspiradas e saibam como se automotivar. Fato é que pouquíssimas pessoas sabem como se automotivar; se você espera que seu funcionário se automotive você vai falir. Você é que precisa inspirá-lo; é você que precisa saber do que ele realmente necessita e motivá-lo.

Vamos parar com esse demagogia dos recursos humanos que dizem que várias coisas motivam e blábláblá. Não que eles estejam errados, eles estão certos, mas a maioria dos funcionários que trabalham em cargos baixos querem mesmo o dinheiro; um ambiente estressante vai desmotivar, porém um ambiente agradável que paga mal, também é desmotivante.

Saiba se realmente o funcionário quer permanecer na empresa, de para ele a oportunidade de ter um banco de horas para descansar algum dia, e o principal de para ele um auxílio após alcançar uma meta. E um auxílio bem baixo após alcançar uma meta fácil.

Após a pessoa alcançar uma meta que julga fácil, ela vê que é possível, e começa a se empenhar mais, faça que o assunto "bater a meta" esteja na boca do funcionário. Se quase ninguém bater a meta, os funcionários pensarão que ela não é alcançável, por isso é uma boa estratégia uma meta medianamente fácil de ser batida com uma recompensa proporcionalmente bem baixa.

Também existem os chefes que querem "motivar" por meio de ameças, isso é péssimo.


MENOSPREZAR A EXECUÇÃO

Outro erro dos líderes é serem muito estratégicos e planejarem tudo bem calculado, porém na hora de execução eles se mostram empenhados, como se "executar" fosse algo de menor importância. Temos que lembrar que muitas vezes as estratégia falham por não serem bem executadas. Uma ideia simples, bem executada pode fazer a diferença; ao passo que não adianta ter uma estratégia excelente se ninguém conseguir executá-lo do modo planejado.

Havia um homem chamado Carlos, ele começou a dar aulas de inglês a noite complementar a sua renda. Ele percebeu que seu método era bom, seus alunos estavam realmente aprendendo a falar inglês. Ele começou a ter 5, 8, 10, 20 alunos, então teve a ideia de criar uma escola de inglês. Então ele teve outra ideia, abriu uma franquia de escolas de inglês usando o método que criou.

Nada de mirabolante, ideias simples. Começou a abrir várias franquia até ter centenas de franquias. Depois decidiu comprar uma rede de franquias de ensino profissionalizante para ampliar sua atuação na área do ensino. Então, Carlos "Wizard" Martins, criou um império que venceu para o grupo Pearson em 2013, por mais ou menos 2 bilhões de reais.

Nada de ideias revolucionárias, o que Carlos fez foi criar um método excelente e executá-lo com esmero.

Vou contar outra história; em 1982, Howard que tinha 29 anos trabalhava em uma empresa sueca de utensílios de cozinha. Ele foi visitar um cliente que precisava de muitas máquinas de coar café; ficou fascinado com o lugar que parecia um templo feito para adorar o café como se fosse religião. Ficou encantado com o sabor do café e com a atmosfera do lugar, conversou com os donos sob a possibilidade de trabalhar lá. Howard conseguiu o emprego como diretor de varejo e marketing.

Estou falando da empresa Starbucks. Em viagem de negócios à Itália, Howard visitou bares de café expresso de Milão e ficou impressionado com a cultura desses bares e com popularidade da bebida. Ao voltar para Seattle, queria que a Starbucks vendesse café e grãos. Os sócios rejeitaram a ideia, eles acreditavam que café era algo para ser feito em casa.

Howard Schultz acreditava que se conseguisse imitar a elegância e o estilo do café italiano, as pessoas frequentariam diariamente o seu estabelecimento. Em 1985 ele fundou o II Giornale e caiu no gosto do povo de Seattle. Em 1987 Howard comprou a cadeia Starbucks e parou de usar o nome II Giornale. A empresa foi se expandindo, havia uma demanda de cafés de alta qualidade e a empresa aproveitou isso. Em 1996 inaugurou lojas em Cingapura, Japão e Havaí.A empresa aérea United Airlines começou a servir seu café nos voos, o que foi ótimo para Starbucks já que cerca de 80 milhões de pessoas voavam todos os anos pela Airlines, e entre 20% e 40% delas bebiam café.

Enfim a empresa foi também para o oriente médio, começou a vender chás e bebidas com gelo; pode ser encontrada em livrarias, navios, todo o canto, enfim clique aqui se quiser saber mais...

Howard teve uma ideia simples, ele copiou um conceito italiano e queria que funcionasse em Seattle, mas o sucesso foi tão grande que se espalhou pelo mundo todo. Outros antes dele devem ter tido a mesma ideia, e depois dele também. O que fez ele conseguir o sucesso que conquistou foi devido a sua primorosa capacidade de executar o plano traçado.


LÍDER BABÁ

Existem líderes que pensam que seus subordinados são incapazes de fazerem o trabalho com competência, e por isso fiscalizam de perto os funcionários, como se fossem babás, acabando micro-gerenciando tudo, tendo que fiscalizar e aprovar cada detalhe, isso acaba por deixar o trabalho lento.

Ao invés de dar orientações gerais para as tarefas menos importantes e se focar naquilo que realmente merece atenção, esse tipo de líder quer acompanhar cada detalhe, cada etapa insignificante do projeto.

Isso deixa evidente que ele não confia na sua equipe, e deixa claro uma falta de habilidade em liderar pessoas. Esse tipo de líder não quer que a tarefa seja cumprida, quer que o subordinado execute a tarefa exatamente da mesma maneira que ele, se o funcionário não fizer igualzinho, o líder não fica satisfeito.

Esse tipo de líder desmotiva muito a equipe, rapidamente os funcionários perdem o interesse no trabalho, param de dar opinião e sugestões e acabam por sair da empresa ou viram "zumbi".

Me lembro de um colega, formou-se em engenharia em uma das melhores faculdades federais do Brasil. Destacou-se em uma grande empresa, ainda no início de carreira pela sua grande habilidade analítica. Depois da primeira promoção, trabalhou mais alguns anos com alto desempenho, vários projetos bem sucedidos e seu gestor o indicou para um cargo de liderança. Pela primeira vez ele teria uma equipe para gerenciar. Era uma ótima oportunidade, se continuasse indo bem, ele estaria "feito" na carreira.

Iria liderar uma equipe de 5 pessoas, e mesmo sendo altamente competente e sua equipe também, no novo cargo contaria muito a sua capacidade de liderança, que ainda não havia sido testada. Na verdade o meu amigo não confiava na capacidade da sua equipe, e sempre micro-gerenciava os projetos.

Quando tinha alguma coisa que não era executada do modo que ele queria, pedia para pessoa fazer novamente a tarefa e explicava nos mínimos detalhes o modo que era para ser feito. Ele queria que os subordinados fossem clones dele e não tinha o mínimo respeito pela liberdade e modo de trabalho de cada um. Não demorou para começar os problemas. Pedro, um dos membros mais antigos do grupo, ficou irritado com o meu amigo e falou abertamente com ele; disse que todos estavam descontentes com o modo que ele controlava exageradamente cada tarefa que eles faziam; cada um tinha seu próprio modo de trabalho e todos eram muito competentes, não havia motivo para esse controle exagerado.

Meu amigo disse que tudo bem, não iria micro-gerenciar, mas queria aprovar cada tarefa feita antes deles iniciarem outra. E caso não aprovasse, ela teria que ser feita novamente desde o início. E assim foram os dias. Como o meu amigo sempre reprovava as tarefas e fazia tantas anotações irrelevantes, Pedro achou melhor continuar fazendo da maneira anterior, com meu amigo micro-gerenciando tudo.

Pedro acabou pedindo transferência. Com um membro a menos na equipe, meu amigo ficou ainda mais no pé do pessoal. Acabou que um outro funcionário saiu, para resumir. Meu amigo não tinha mais vida fora do trabalho, passava muito tempo micro-gerenciando coisas que eram de responsabilidade dos seus subordinados. Outros também se demitiram. E a equipe do meu amigo que tinha 5 membros, tinha agora apenas 1 e o meu amigo que era o líder da equipe.

"X" era o chefe do meu amigo, ele queria saber o que estava acontecendo. Depois que meu amigo detalhou o ocorrido; o chefe "X" olhou para ele e disse que ele fazia tão bem o trabalho dos outros que não precisava de equipe e poderia fazer tudo sozinho; o problema é que eu preciso de alguém para liderar a equipe; você pode até fazer sozinho o trabalho de 5 pessoas, mas não conseguirá fazer o de 20, logo terei que transferi-lo para seu antigo cargo.


INCAPACIDADE ADAPTATIVA

Vamos explorar o tema, existem alguns indivíduos que são inflexíveis, ou seja, não querem mudar a maneira de fazer algo, ou não gosta de mudar a maneira de fazer as coisas. Existe também, aquele que não consegue se adaptar as mudanças, o inadaptável. "Sempre fizemos as coisas assim e vamos continuar fazendo" e "Em time que está ganhando não se mexe" são pensamentos de pessoas que não pensam em ter capacidade adaptativa, essas pessoas não serão bons líderes no geral, principalmente se tiverem que lidar com decisões estratégicas.

Se você faz hoje com o seu negócio aquilo que fazia ontem, talvez você não tenha um negócio amanhã, e isso vale também para os profissionais; a vida é uma constância, parou no tempo, se lascou. As habilidades que você tem hoje, podem ser irrelevantes amanhã. Quantas letras você consegue datilografar por minuto? É... isso já não importa.

Me lembro que quando eu tinha uns 16 anos e alguns meses; tinha eu terminado de criar uma lista de leitura com mais de 150 livros para ler posteriormente; lista esta que eu tinha começado a fazer um ano antes. Eu queria ler toda a obra de Machado de Assis, Dostoievski, enfim, dos grandes cânones. Eu tinha uma lista de mais de 150 livros para ler, ao passo que na época eu só tinha lido 3 livros por causa dos trabalhos de literatura, e devo muito a eles, já que vim de família pobre e sem tradição acadêmica que não tinha o hábito da leitura; mas o que lhes faltava de instrução escolar, sobravam-lhes em gana, esmero e dedicação aos filhos naquilo que podiam.

Voltando ao assunto, dei por mim que precisaria de muito tempo para ler tudo aquilo, e pensava comigo se aqueles livros eram realmente os melhores livros do mundo, ou se pelo menos eram os melhores para mim; então tive três pensamentos que me guiam até hoje; primeiro; há muitos livros no mundo, é necessário escolher os melhores; "a qualidade vence a quantidade", o segundo pensamento é semelhante ao primeiro:"a capacidade de separar ou peneirar aquilo que serve é importante". Eu teria que ler os livros que seriam úteis para mim no momento, e talvez muita coisa que eu precisasse ler não estaria na lista, o terceiro pensamento é: "é preciso se adaptar", precisamos fazer as coisas conforme precisamos fazê-las, eu não poderia sair do mundo real e começar a ler a linha lista com vários livros; eu precisava fazer aquilo que precisava fazer no momento, isso é adaptação.

É preciso ter inteligência, no seu sentido etimológico da palavra: A palavra “inteligência” tem a sua origem no latim, vem de INTELLEGENTIA, que significa “capacidade de entender”, de INTELLIGERE, formada por INTER-: “entre” e LEGERE: “escolher”. Portanto, o vocábulo inteligência refere-se ao que se revela INTELLEGENS (inteligente), ou aquele que compreende, percebe, conhece e sabe discernir sobre determinadas questões.

O verbo latino – LEGERE – também significa “ler”, pois a leitura é também uma escolha, é um juntar de letras, palavras e períodos.

Ou seja, ser inteligente é saber escolher entre várias coisas ou possibilidades e também saber ligar essas coisas, caso exista alguma relação entre elas. O pensamento é necessário para sabermos que caminhos devemos seguir e de que forma nos adaptarmos, saber que devemos estar atentos e que temos que nos adaptar o tempo todo é um diferencial competitivo poderoso.

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